A declaração do Papa sobre coragem pode ter irritado a Ucrânia ao ser interpretada como uma posição neutra ou favorável à Rússia de Putin, especialmente em um contexto de conflito armado na região.

Da Redação 11/03/2024

O governo da Ucrânia disse neste domingo (10) que “jamais” vai levantar uma bandeira branca para Rússia, um dia após o papa Francisco pedir, indiretamente, para Kiev refletir sobre a possibilidade de negociar um fim para o conflito que já dura mais de dois anos.

“Negociar é uma palavra corajosa. Quando você vê que você foi vencido, que as coisas não funcionam, tenha a coragem de negociar”, afirmou o sumo pontífice, ao ser perguntado sobre o futuro desta guerra, em uma entrevista à emissora suíça RTS.

“Eu acho que os mais fortes são aqueles que veem a situação, pensam nas pessoas e têm a coragem de levantar a bandeira branca e negociar”, alegou Francisco.

Kiev reagiu. “A nossa bandeira é amarela e azul. É a bandeira pela qual nós vivemos, nós morremos e triunfamos”, declarou o ministro ucraniano das Relações Exteriores, Dmytro Kuleba, pela rede social X. “Nós não levantaremos jamais outras bandeiras”, prometeu.

A Rússia chama a guerra de “operação militar especial” para garantir sua própria segurança. Kiev e o Ocidente a chamam de uma brutal guerra de conquista ao estilo colonial.

“É perfeitamente compreensível que ele (o papa) tenha falado a favor das negociações”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, aos repórteres quando perguntado sobre as falas do pontífice.

Peskov afirmou que o presidente Vladimir Putin falou repetidamente sobre a disposição e a abertura da Rússia para negociações, mas que a Ucrânia havia derrubado essas propostas.

“Infelizmente, tanto as declarações do papa quanto as repetidas declarações de outras partes, inclusive as nossas, receberam recentemente recusas absolutamente duras”, disse Peskov.

A Rússia espera que, na mesa de negociações, os ucranianos aceitem a anexação dos territórios que já estão ocupados desde o início da guerra, enquanto a Ucrânia ainda tenta suportar militarmente o confronto para recuperar as regiões.

Compartilhe