Carga de R$ 1 milhão em Mounjaro é apreendida no Aeroporto do Recife
Redação 13/04/2025
Receita Federal interceptou 389 canetas do medicamento para tratamento de diabetes e usado para perda de peso.
Na madrugada deste domingo (13), a Receita Federal reteve no Aeroporto Internacional do Recife uma carga de canetas aplicadoras do medicamento Mounjaro, avaliadas em aproximadamente R$ 150 mil. O passageiro, procedente de Lisboa, Portugal, transportava o produto sem a documentação necessária, caracterizando a intenção de revenda ilegal.
Esse tipo de apreensão pela Receita Federal evidencia o trabalho constante de vigilância e combate ao contrabando e descaminho de mercadorias no país, especialmente em pontos de entrada como aeroportos internacionais. A tentativa de entrada irregular de 389 canetas de medicamento, vinda do Reino Unido, levanta questões importantes tanto de segurança sanitária quanto de comércio ilegal de fármacos.
Essas “canetas” provavelmente se referem a medicamentos injetáveis, como os usados para tratamento de diabetes ou obesidade (ex: semaglutida, tirzepatida, etc.), que têm sido alvo de comércio ilegal devido à alta demanda.
O que é o Mounjaro
A farmacêutica Eli Lilly anunciou que o Mounjaro, medicamento para tratamento de diabetes tipo 2, estará disponível no mercado brasileiro a partir do dia 7 de junho. O remédio tem como princípio ativo a tirzepatida, uma molécula inovadora que atua como agonista duplo dos hormônios GLP-1 e GIP, responsáveis por estimular a produção de insulina após as refeições.
Considerado o principal concorrente dos já populares Ozempic e Wegovy, ambos da dinamarquesa Novo Nordisk, o Mounjaro se destaca por seus efeitos não só no controle glicêmico, mas também na perda de peso, o que tem despertado interesse além do público diabético.
O Mounjaro foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no Brasil em setembro de 2023 para o tratamento do diabetes tipo 2.
“Já existem outros medicamentos no Brasil da mesma classe, mas o Mounjaro tem um mecanismo de a diferente, porque não é apenas um agonista, ou seja, ele não age apenas no receptor GLP-1, ele age também no receptor do GIP. Ele é o único medicamento dessa classe que age nesses dois receptores”, explica Luiz Magno, diretor médico sênior da Eli Lilly do Brasil.
De acordo com Tassiane Alvarenga, endocrinologista e metabologista pela USP (Universidade de São Paulo), tanto o GIP quanto o GLP-1 estão ligados a uma maior secreção de insulina, mas estudos levam a crer que o GIP responda por cerca de dois terços dessa contribuição. Isso faz com que a tirzepatida seja mais “poderosa” do que a semaglutida, presente no Ozempic.
“O Mounjaro induz à sensação de saciedade, ou seja, o tempo entre comer e ficar satisfeito. É um efeito mais duradouro do que a perda do apetite, que é a principal característica do Ozempic”, explica a endocrinologista.
Efeitos colaterais
De acordo com um estudo publicado no The New England Journal of Medicine, tanto a tirzepatida quanto a semaglutida apresentam efeitos colaterais semelhantes, especialmente no trato gastrointestinal. No entanto, os efeitos adversos associados à tirzepatida podem ser mais numerosos e mais graves. O estudo aponta que o Mounjaro (nome comercial da tirzepatida) pode causar doenças gastrointestinais severas e, nos ensaios clínicos, uma proporção maior de pacientes interrompeu o tratamento devido a esses efeitos. Entre os sintomas relatados para ambos os medicamentos estão dor abdominal, constipação, diarreia, náusea e vômito. No caso específico da tirzepatida, também pode ocorrer indigestão.
Por isso, é essencial buscar orientação médica antes de iniciar o tratamento, seja com Ozempic, seja com Monjauro.