O corpo do caseiro Jorge Ávalo, de 60 anos, foi encontrado pelo cunhado na manhã desta terça-feira (22)
Redação 22/04/2025
A dor da perda se mistura com a fé e a intuição do cunhado, que desde o início parecia sentir que encontraria Jorge Ávalo. O trecho “Deus me guiou certinho” revela o quanto essa busca foi emocional e espiritual para ele. E o detalhe de ter ido com o irmão e um militar mostra que, mesmo com apoio limitado, ele estava determinado.
Esse tipo de tragédia levanta questões sérias sobre convivência entre humanos e grandes predadores no Pantanal, uma região onde a presença da fauna silvestre é constante e muitas vezes subestimada. Também mostra como, apesar de todo o risco, laços familiares e promessas pessoais — como a de Magrão — são capazes de mover montanhas.
A autenticidade do áudio foi confirmada por Reginaldo Ávalo, 55 anos, irmão de Jorginho. Ele contou que o corpo foi encontrado a cerca de 300 metros do local do ataque, ocorrido no deck do pesqueiro Touro Morto, situado no encontro dos rios Miranda e Aquidauana.
Em um vídeo feito logo depois que as marcas de sangue foram descobertas, é possível ver, ao longe, o local para onde a onça possivelmente levou o caseiro.
Reginaldo relatou que o irmão via onças com frequência, mas nunca havia sido atacado. “Ele via quase todos os dias, mandava vídeo, mas elas corriam, não chegavam perto dele”, lamentou. Jorginho trabalhava no pesqueiro havia cerca de 20 anos.
O corpo de Jorge Ávalo, conhecido como Jorginho, será levado para Aquidauana e, em seguida, sepultado em Anastácio, cidade onde morava. Ele deixa dois filhos.
De acordo com o médico veterinário Diego Viena, doutorando em Ecologia e Preservação pela UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), casos como esse são considerados extremamente raros. Ele ressaltou que, apesar de a onça ser um predador de topo, geralmente evita o contato com humanos.