Cardeal condenado por corrupção briga para votar no conclave do Vaticano
Redação 23/04/2025
O cardeal Giovanni Angelo Becciu, que teve seus direitos retirados pelo Papa Francisco após um escândalo de corrupção, está desafiando a sanção e tentando garantir seu lugar no conclave que elegerá o próximo Papa.
Becciu foi destituído do cargo de prefeito da Congregação para as Causas dos Santos e perdeu o direito de participar do conclave, uma decisão tomada pelo Papa Francisco em setembro de 2020. No entanto, o religioso insiste que suas prerrogativas cardinais ainda estão válidas.
“Referindo-se ao último consistório, o Papa reconheceu minhas prerrogativas cardinais intactas, já que não houve vontade explícita de me excluir do conclave nem solicitação de minha renúncia por escrito”, declarou Becciu ao jornal Unione Sarda. Ele afirma que não houve intenção clara do Papa de excluí-lo e que sua situação foi, de fato, “indultada”.
O Vaticano, por sua vez, não se manifestou oficialmente sobre a reivindicação de Becciu. A decisão caberá à Congregação Geral dos Cardeais, que será responsável por determinar se ele poderá ou não participar do conclave. Esse evento será decisivo, pois, caso Becciu tenha sucesso, o número de cardeais eleitores aumentará de 135 para 136.
Becciu, ex-substituto da Secretaria de Estado, esteve no centro de um escândalo de corrupção envolvendo a compra de um imóvel de luxo em Londres por 200 milhões de euros. Após uma longa investigação, foi condenado a cinco anos e seis meses de prisão, com recurso marcado para o próximo outono. Seu nome também foi associado a outros episódios polêmicos ao longo de sua carreira no Vaticano.
O caso do cardeal Angelo Becciu é, de fato, um dos episódios mais controversos do pontificado de Francisco. Sua ascensão rápida dentro da Cúria Romana, seguida pelo escândalo financeiro envolvendo investimentos do Vaticano — especialmente o caso do imóvel em Londres — expôs fragilidades na governança e na transparência da administração vaticana.
A decisão do Papa Francisco de destituí-lo e retirar seus direitos como cardeal eleitor foi um gesto forte, que muitos viram como parte de sua tentativa de reformar a Cúria e combater o nepotismo e a corrupção interna. No entanto, como você mencionou, isso também acirrou os ânimos entre diferentes alas da Igreja.
A possível participação de Becciu em um futuro conclave levanta questões delicadas: além da legalidade de sua presença, há o impacto político e simbólico que isso teria. A Igreja, em um momento de transição, pode ver-se dividida entre os que apoiam a linha reformista de Francisco e os que desejam um retorno a uma estrutura mais tradicional e centralizada.
O cardeal Pietro Parolin é frequentemente mencionado como um dos papáveis mais fortes justamente por sua habilidade diplomática, sua longa experiência na Cúria Romana e seu perfil moderado, o que o torna uma figura de consenso entre diferentes alas da Igreja.
Sua atuação como secretário de Estado do Vaticano o colocou no centro das principais negociações e decisões do pontificado de Francisco, o que lhe dá grande visibilidade e influência.
Por outro lado, a situação envolvendo o cardeal Angelo Becciu, que foi destituído de seus direitos cardinalícios por suspeitas de má gestão financeira e outros escândalos, ainda gera repercussões internas.
Como Becciu e Parolin trabalharam juntos na Secretaria de Estado, há especulações sobre o quanto esse caso poderia respingar politicamente em Parolin, mesmo que ele não esteja diretamente implicado. Isso adiciona uma camada de tensão ao conclave futuro, especialmente se surgirem dúvidas sobre a transparência ou o controle interno do Vaticano.