Dólar fecha em alta e se aproxima de R$ 5,70 com temor fiscal e rumores de novos gastos do governo
Redação 15/05/2025
O dólar disparou nesta quinta-feira (15) e encerrou o dia cotado a R$ 5,6788, em alta de 0,82%, após atingir a máxima de R$ 5,6974. O movimento refletiu a crescente preocupação do mercado com o cenário fiscal no Brasil, impulsionada por rumores de que o governo federal avalia um novo pacote de medidas sociais com foco em impulsionar a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Entre as iniciativas especuladas estão um possível reajuste do Bolsa Família a partir de 2026, a criação de um novo Vale Gás, linhas de crédito para entregadores de aplicativo, além de programas habitacionais e parcerias com hospitais particulares para o atendimento do SUS.
Apesar das negativas públicas de autoridades como o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, o mercado reagiu com cautela. Haddad foi enfático ao afirmar que “não há demanda de espaço fiscal para novos projetos”, destacando que as discussões no momento se concentram em medidas para cumprimento da meta fiscal de 2025.
O desconforto aumentou em meio ao escândalo recente no INSS, envolvendo descontos indevidos em benefícios de aposentados, o que levou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a apoiar a criação de uma CPMI para investigar o caso. Para analistas, esse cenário agrava a incerteza fiscal e pressiona o câmbio.
Segundo Marcos Weigt, head da tesouraria do Travelex Bank, “a questão fiscal voltou a influenciar o câmbio. Quando Lula estava recuperando popularidade, veio o escândalo do INSS e agora surgem esses rumores de aumento de gastos”.
Com o resultado desta quinta, o dólar acumula alta de 0,42% na semana e 0,04% em maio. No ano, as perdas do real frente à moeda americana já somam 8,11%.
Cenário externo também pressiona
No cenário internacional, o dólar teve desempenho misto. O índice DXY, que mede o desempenho da moeda americana frente a uma cesta de seis divisas fortes, operou em baixa moderada, próximo aos 100,80 pontos, refletindo dados econômicos dos Estados Unidos abaixo do esperado.
O Índice de Preços ao Produtor (PPI) dos EUA caiu 0,5% em abril, contrariando expectativas de alta, o que fortalece apostas em cortes de juros pelo Federal Reserve ainda neste ano. A leitura reforçou a percepção de que a economia americana está desacelerando de forma controlada.
Apesar disso, analistas apontam que a valorização do dólar no Brasil é mais influenciada por fatores domésticos. “Se não fosse pelo risco fiscal, o dólar estaria recuando por aqui também”, avalia Fabrizio Velloni, economista-chefe da Frente Corretora.
O mercado segue atento à evolução das discussões em Brasília e à possibilidade de novos gastos públicos em ano pré-eleitoral.
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