Governo anuncia mudanças no IOF e tributos para ampliar arrecadação e evitar novo corte de gastos


Redação 11/06/2025

O governo federal publicou, na noite desta quarta-feira (11), um pacote de medidas fiscais com foco na recalibração do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) e outros tributos. As ações foram oficializadas por meio de decreto e Medida Provisória, e visam aumentar a arrecadação e evitar novos contingenciamentos no orçamento federal.

As medidas foram negociadas entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), com o apoio de lideranças das duas Casas Legislativas.

Principais mudanças anunciadas:

  • Fim da alíquota fixa do risco sacado: a tributação passa a ser exclusivamente diária (0,0082%), o que representa redução de 80% nesse tipo de cobrança.
  • Tributação sobre aportes em VGBL:
    • Até 31/12/2025, o IOF incide apenas sobre valores acima de R$ 300 mil.
    • A partir de 01/01/2026, o limite sobe para R$ 600 mil.
    • Contribuições patronais passam a ser isentas de IOF.
    • Em 2024, haverá flexibilização operacional na verificação de valores aportados em diferentes entidades.
  • Nova alíquota de IR sobre investimentos isentos:
    • Aplicações como LCI, LCA, CRI, CRA e debêntures incentivadas, antes isentas, passarão a pagar 5% de Imposto de Renda.
  • Alíquota única de IR sobre aplicações financeiras:
    • Rendimentos de investimentos passarão a ser tributados com uma alíquota única de 17,5% (exceto caderneta de poupança, que permanece isenta).
  • Apostas esportivas (“bets”):
    • A tributação sobre o faturamento das plataformas sobe de 12% para 18%.
    • Não há mudanças sobre a tributação dos prêmios dos apostadores, nem sobre IR e CSLL pagos pelas empresas.

Outras alterações incluídas na Medida Provisória:

  • O programa educacional Pé-de-Meia será incluído no piso constitucional da educação.
  • Alterações no serviço digital Atestmed, usado para pedidos de benefício por incapacidade junto ao INSS.
  • A compensação entre o RGPS (INSS) e os regimes de previdência dos servidores públicos passará a depender de dotação orçamentária.
  • O Seguro Defeso, voltado a pescadores artesanais, também terá novos critérios de acesso e limite orçamentário.

Contexto fiscal e impacto político

As medidas vêm na esteira de um esforço para cumprir a meta fiscal estabelecida pelo arcabouço fiscal. No final de maio, o governo já havia anunciado um bloqueio e contingenciamento de cerca de R$ 30 bilhões. Também foi editado um decreto para elevar a arrecadação via IOF, com expectativa de gerar R$ 20 bilhões ainda este ano.

O decreto inicial gerou resistência no mercado financeiro e no Congresso Nacional, o que levou à construção de uma Medida Provisória alternativa, acordada com o Legislativo, para evitar maior desgaste e preservar emendas parlamentares.

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