O dólar teve um aumento significativo, se aproximando da marca de R$ 5,90, impulsionado pela crescente tensão nas relações entre os Estados Unidos e a China

Redação 10/04/2025


Esse cenário preocupa os mercados globais, pois qualquer escalada no conflito entre as duas maiores economias do mundo pode impactar o comércio.

O dólar continuou sua trajetória de alta nesta quinta-feira, 10, impulsionado principalmente pela instabilidade nos mercados globais, associada à crescente tensão nas relações comerciais entre Estados Unidos e China. O avanço de 0,88% fez com que a moeda norte-americana fechasse o dia cotada a R$ 5,8988. Essa valorização acumulada de 1,09% na semana e 3,39% no mês reflete a reação do mercado à percepção de que a guerra comercial pode resultar em uma desaceleração do crescimento econômico mundial, com potencial de afetar ainda mais as commodities.

O impacto dessa turbulência global é especialmente visível nas moedas emergentes, como o real, que liderou as perdas entre as principais moedas no dia. A queda nos preços do petróleo, que já registrou uma desvalorização de aproximadamente 15% em abril, também exerce pressão sobre as divisas de economias dependentes das exportações de commodities, afetando negativamente economias latino-americanas, como as do México e da Colômbia.

Essa dinâmica reflete uma combinação de fatores internos e externos que têm mantido o mercado de câmbio instável, com o dólar se beneficiando da aversão ao risco e das incertezas econômicas globais.

O comportamento recente do dólar, refletido no índice DXY, demonstra um enfraquecimento da moeda americana frente a uma cesta de divisas fortes, com uma queda significativa de quase 2%, atingindo o nível de 101,000 pontos e chegando a um mínimo de 100,700 pontos. Esse movimento é em parte impulsionado pela perda de mais de 2% do dólar em relação ao euro. O franco suíço, tradicional refúgio em tempos de aversão ao risco, subiu mais de 3% no mesmo período.

No contexto dessa volatilidade, o economista-chefe do BTG Pactual, Mansueto Almeida, destacou a fragilidade do cenário econômico global, especialmente pela falta de um acordo entre China e EUA. Essa incerteza afeta diretamente grandes exportadores de commodities, como o Brasil, prejudicando o fluxo de investimentos. O impacto é mais evidente em momentos de tensão, como a intensificação das tarifas impostas pelos EUA aos produtos chineses, que chegaram a 145%, uma combinação de aumentos anteriores. Isso gerou um pico de aversão ao risco, o que elevou o dólar em relação a várias divisas.

Apesar disso, houve uma moderada recuperação nas divisas emergentes, após sinais de que as negociações entre China e EUA poderiam avançar, com o presidente Donald Trump indicando que autoridades chinesas entraram em contato para tentar negociar um acordo.

O mercado de câmbio, no entanto, tem exibido uma volatilidade exacerbada, com a movimentação do dólar sendo amplamente influenciada por notícias e fatores especulativos, como observou Ricardo Chiumento, superintendente da mesa de derivativos do BS2. Ele destacou que a extrema oscilação no valor do dólar no Brasil – com o câmbio flutuando de R$ 6,00 para R$ 5,80 – não reflete uma lógica fundamental, mas sim uma especulação amplificada.

Adicionalmente, o movimento do preço do petróleo também sugere uma expectativa de desaceleração da economia global devido à guerra comercial, o que afeta a dinâmica de preços. No mercado doméstico, o dólar chegou a operar em baixa, reflexo da leitura positiva do CPI (índice de preços ao consumidor) nos EUA, que surpreendeu ao mostrar uma deflação de 0,1% em fevereiro, abaixo da expectativa de 0,1% de alta. Esse dado contribui para as apostas de uma possível redução de juros pelo Federal Reserve, com previsões que oscilam entre 75 e 100 pontos-base de corte.

Em resumo, o cenário atual de incertezas globais, agravado pela guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo, tem gerado uma volatilidade significativa no mercado de câmbio, impactando diretamente as moedas emergentes, incluindo o real.

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