Setor de transportes critica manutenção da CCR como concessionária da BR-163 em MS: “Estamos de luto”

Redação 22/05/2025

A permanência da CCR como concessionária da BR-163 em Mato Grosso do Sul gerou forte reação do setor de transporte rodoviário. Nesta quinta-feira (22), o presidente do SetLog-MS (Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística), Cláudio Cavol, lamentou a decisão e classificou o momento como um “luto” para o segmento. A CCR — agora operando sob a marca Motiva — venceu o novo leilão de concessão da rodovia, apesar do histórico de baixa execução de duplicações.

Com 845,9 km de extensão em território sul-mato-grossense, a BR-163 teve apenas 17% de sua duplicação concluída desde o início da concessão, em 2014. Com a nova repactuação contratual, a previsão de duplicação caiu drasticamente: de 806 km originalmente previstos para apenas 203 km.

“Infelizmente, vamos viver mais 30 anos com uma rodovia essencial sem a devida duplicação. Isso representa risco direto à vida de motoristas, famílias e trabalhadores que dependem dessa estrada todos os dias”, declarou Cavol.

Acidentes e insegurança

Dados recentes mostram 18 acidentes a cada quilômetro da BR-163 em MS, com maior concentração nos trechos urbanos — considerados os mais críticos. Apesar disso, a ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) defende que a instalação de terceiras faixas seria suficiente para reduzir os índices de acidentes, posição contestada pelo setor.

“Terceira faixa não substitui duplicação. O que precisamos é de rodovias seguras, modernas e com investimento real”, disse o presidente do SetLog.

Pedágio elevado sem retorno

Outro ponto criticado pelo sindicato é o custo elevado do pedágio. Cavol afirmou que os novos valores previstos poderão dobrar em até 12 meses, sem que haja contrapartidas significativas em termos de infraestrutura.

“É o pedágio mais caro que existe, considerando o que entregam em troca. Isso prejudica a economia de um estado que depende da exportação de produtos primários e não consegue arcar com tarifas abusivas como as praticadas pela CCR”, completou.

Concessão sob investigação

A concessão da BR-163 está sob investigação do Ministério Público Federal (MPF), que instaurou inquérito para apurar possíveis irregularidades na execução do contrato de 2014 e na proposta de repactuação. O foco principal está no descumprimento das obras de duplicação e nas condições do novo acordo.

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