Beber e dormir no avião pode ser ruim para o coração; entenda

Redação 05/06/2024

Beber e dormir no avião pode ser prejudicial para o coração devido a vários fatores. Consumir álcool durante o voo pode levar à desidratação, já que o ar dentro da cabine é mais seco do que o normal. A desidratação pode aumentar a viscosidade do sangue, elevando o risco de formação de coágulos.

Dormir em uma posição desconfortável, como sentado por longos períodos, pode contribuir para problemas circulatórios. A imobilidade prolongada pode causar a estase venosa, aumentando o risco de trombose venosa profunda (TVP). Esta condição pode ser particularmente perigosa se um coágulo viajar para os pulmões, causando uma embolia pulmonar.

Além disso, a pressurização da cabine pode afetar a oxigenação do sangue, colocando mais pressão sobre o sistema cardiovascular. É importante manter-se hidratado, fazer exercícios simples de alongamento e movimentar as pernas durante o voo para mitigar esses riscos.

Pesquisadores encontraram evidências de que a combinação de sono e álcool em voos de longa duração pode ser prejudicial à saúde cardíaca. Utilizando uma simulação da pressão de altitude de cruzeiro — semelhante à das cabines de avião — os cientistas obtiveram dados suficientes para sugerir a restrição do acesso a bebidas alcoólicas a bordo.

É natural que, em passageiros saudáveis, a pressão atmosférica cause uma queda no nível de saturação de oxigênio para cerca de 90%. Em grandes altitudes, como em montanhismo, o corpo experimenta um fenômeno similar. Quando consumidas, bebidas alcoólicas relaxam as paredes dos vasos sanguíneos e aumentam a frequência cardíaca, agravando a situação. Durante o sono em uma cabine de avião, esses efeitos podem levar o viajante a cair abaixo desse limiar de oxigenação, atingindo uma condição classificada como hipóxia hipobárica — onde o corpo é privado de oxigênio devido à baixa pressão atmosférica. Isso ressalta a necessidade de cuidados adicionais, como evitar o consumo de álcool, para mitigar os riscos à saúde.

Para examinar o impacto da combinação de sono e álcool em voos de longa duração, 48 indivíduos entre 18 e 40 anos foram divididos em dois grupos: um grupo passou a noite em um laboratório de sono com pressão atmosférica normal, enquanto o outro grupo esteve em uma câmara de altitude simulando a cabine de um avião em cruzeiro.

Na primeira noite, 12 participantes de cada grupo não consumiram álcool e dormiram por quatro horas, enquanto os outros 12 beberam e também dormiram por quatro horas. Após duas noites de recuperação, o protocolo foi invertido.

Durante todo o experimento, os pesquisadores monitoraram continuamente a frequência cardíaca e a SpO2 (saturação periférica de oxigênio), que indica a quantidade de oxigênio ligada à hemoglobina no sangue.

Os resultados encontrados foram:

– Participantes que beberam e dormiram na “cabine”: 85% de SpO2 e média de frequência cardíaca de 88 BPM (batimentos por minuto).
– Participantes que só dormiram na “cabine”: 88% de SpO2 e 73 BPM.
– Participantes que beberam no laboratório: 95% de SpO2 e 77 BPM.
– Participantes que não beberam no laboratório: 96% de SpO2 e 64 BPM.

“Em conjunto, estes resultados indicam que, mesmo em indivíduos jovens e saudáveis, a combinação da ingestão de álcool com o sono em condições hipobáricas representa uma pressão considerável sobre o sistema cardíaco e pode levar à exacerbação dos sintomas em pacientes com problemas cardíacos ou pulmonares”, comentou a equipe de pesquisadores em um comunicado à imprensa.

Os efeitos do álcool mostraram-se duradouros nos participantes que estiveram na simulação de uma cabine de avião. Os níveis de oxigênio abaixo da norma clínica saudável perduraram por 201 minutos nos que ingeriram álcool e 173 minutos nos que não beberam. Além disso, o sono profundo foi reduzido para 46,5 minutos na combinação de fatores, enquanto no laboratório os resultados foram de 84 minutos com bebida e 67,5 minutos sem.

Além da preocupação com as alterações nos passageiros saudáveis, foi detectado um maior risco nos idosos e naqueles com condições médicas pré-existentes. “Os sintomas cardiovasculares têm uma prevalência de 7% das emergências médicas a bordo, com a parada cardíaca causando 58% dos desvios de aeronaves”, comunicaram os cientistas à imprensa.

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