Onças-pintadas se recuperam com cuidados especializados e voltam ao habitat natural em 30 dias.

Redação 20/08/2024

As duas onças-pintadas, Miranda e Antã, resgatadas na semana passada em Mato Grosso do Sul com ferimentos nas patas causados pelos incêndios no Pantanal, estão sendo tratadas no CRAS (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres) em Campo Grande. Após receberem cuidados veterinários intensivos, incluindo o uso de pomadas especiais e terapia com ozônio para tratar as queimaduras, os especialistas esperam que uma das onças possa ser liberada para voltar à vida selvagem em até 30 dias.

Na manhã desta terça-feira (20), o governador Eduardo Riedel visitou o Hospital Veterinário Ayty para acompanhar o tratamento dos animais silvestres. “Quero parabenizar toda a equipe do CRAS pelo trabalho árduo, realizado com muito carinho, dedicação e expertise técnica. As onças-pintadas, Miranda, uma fêmea de dois anos, e Antã, um macho de oito anos, tiveram as patas seriamente afetadas pelos incêndios no Pantanal, mas estão em plena recuperação,” declarou Riedel.

A expectativa é de que a fêmea, batizada de Miranda em homenagem ao município onde foi encontrada, seja reintroduzida na natureza em 30 dias. Ela foi levada ao CRAS na quinta-feira (15), pouco mais de 24 horas depois de ser avistada mancando por trabalhadores de uma fazenda. O macho, Antã, foi resgatado no sábado (17) na região de Passo do Lontra, em estado de debilidade e sem praticamente reagir ao resgate. Ambos os animais estão em recuperação, alimentando-se bem e mostrando uma melhoria significativa nos ferimentos das patas. O tratamento inclui o uso de pomadas específicas para queimaduras e terapia com ozônio, que acelera a regeneração da pele.

No sábado, realizamos exames na Miranda. Apesar de ter removido os curativos das patas, notamos uma melhora significativa. Vamos realizar uma nova série de procedimentos nela ainda esta semana. Quanto ao Antã, iniciamos o tratamento com ozônio ontem (19). Embora seja um caso mais complicado, ele também está respondendo bem,” explicou a médica veterinária e coordenadora do CRAS, Aline Duarte.

Diariamente, ambos são alimentados com cerca de 13 kg de carne bovina e de frango. Em breve, também começarão a receber refeições à base de peixe, com Antã consumindo entre 5 e 8 kg por dia, enquanto Miranda recebe entre 3 e 5 kg.

Nós monitoramos a alimentação. Ontem, por exemplo, a Miranda não aceitou os 5 kg oferecidos, então hoje ajustaremos a quantidade. Esses animais, na natureza, não se alimentam todos os dias e consomem cerca de 35 a 40 kg de carne por semana, mas caçam para isso. Quando foram resgatados, ambos estavam debilitados, provavelmente devido à escassez de alimentos na área queimada. O Antã estava em uma condição física crítica, muito desidratado. Agora, ambos estão em recuperação,” relatou a médica-veterinária Jordana Toqueto, que acompanha os animais e participou do resgate de Miranda.

O tratamento dos ferimentos é crucial para que esses animais possam retornar ao seu habitat natural e viver em segurança. “Eles estavam com a mobilidade comprometida devido às lesões nas patas, o que prejudicava sua capacidade de caçar, fugir e se alimentar. No caso do Antã, a lesão era de terceiro grau, com os ossos da pata expostos. Mas com o tratamento, faremos o possível para reintroduzi-lo na natureza o mais rápido possível, na região onde foi encontrado,” explicou Jordana.

A equipe de veterinários que acompanha os animais planeja realizar mais exames, focando na rápida reabilitação de ambos. Uma verdadeira força-tarefa foi organizada para garantir que todo o atendimento seja rápido e eficiente. Por isso, o contato dos animais com os humanos é minimizado ao máximo. “Tomamos todas as precauções, inclusive cobrindo o recinto se necessário, para evitar qualquer contato visual. São animais selvagens, e queremos que permaneçam assim,” explicou Aline.

Os resgates foram realizados pelo Gretap (Grupo de Resgate Técnico Animal Cerrado Pantanal), com o apoio da PMA (Polícia Militar Ambiental) e do Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente). Essas ações fazem parte das iniciativas coordenadas em cooperação com a Operação Pantanal 2024.

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